Padre Marco Sérgio Tavares desafia peregrinos a “ativar a esperança” diante dos “espinhos que entram pelos sentidos”

Último dia da Novena dos Espinhos: os milagres acontecem hoje, com a ação de cada cristão

Foto: Santuário do Senhor Santo Cristo

O ouvidor de Ponta Delgada, padre Marco Sérgio Tavares, convidou esta tarde os peregrinos da Novena dos Espinhos, na Igreja de Nossa Senhora da Esperança- Santuário do Senhor santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada,  a “ativar a esperança” diante dos “espinhos que entram pelos sentidos” e cuja resposta não pode esperar.

“A nossa ilha, bem sabemos, a nossa cidade em particular, está cheia de espinhos, alguns ao pé da nossa porta,  alguns quase  debaixo da nossa mesa. A solução não está em arrancá-los e mudá-los para outro sítio, porque insensibilidade multiplica insensibilidade, o esquecimento vira esclerose  e a frieza vira gelo” afirmou o sacerdote, que é pároco das paróquias de Santa Clara e São Roque, nos dois extremos da cidade de Ponta Delgada.

“Não podemos estar à espera dos bons propósitos, das campanhas eleitorais que prometem tudo como a erradicação da pobreza ou a diminuição das pessoas que estão em situação desfavorecida” prosseguiu lembrando que cabe a cada cristão fazer a sua parte, “hoje”.

“Os milagres não acontecem no depois: tenho fome agora, tenho frio agora, estou deprimido neste momento e nós precisamos de estar a tempo” enfatizou, relacionando a liturgia da palavra hoje proclamada não só com este tempo da Quaresma mas também com o tempo jubilar que a Igreja vive.

“A esperança, que celebramos de forma particular neste ano santo, não é assim tão simplória, não é passiva  nem nos convoca a uma espera por uma revolução que só aconteceria na eternidade. Temos de pensar nela agora; a conversão é neste tempo” frisou.

“Estamos a terminar um novenário e a prepararmo-nos para a Páscoa. Precisamos de fazer aqui e agora” sublinhou ainda reconhecendo que as “boas respostas” que já existem, a mobilização da sociedade civil, as iniciativas da Igreja “que estende a mão e “tanta caridade oculta” não chegam para debelar os espinhos.

“A nossa Igreja oferece-nos tanto para a nossa mudança e para as mudanças: a Palavra, os sacramentos, a formação, a catequese, os milhares de testemunhas na fé  são já muitos sinais palpáveis, mas nós continuamos a andar à espera de sinais e de milagres que nos convençam quando temos o sinal todos os domingos e todos os anos, que é a ressurreição de Cristo”, constatou interpelando cada um dos presentes.

“O que nos falta é a decisão, ativar a esperança, a força interior que por vezes não temos, falta-nos dar o passo e dar sinais que estamos em jubileu. Esta quinta-feira é uma nova oportunidade. O `hoje´ da liturgia da Palavra dá-nos a possibilidade para recomeçarmos a concertar os nossos erros hoje”, desafiou.

“Fiquemos atentos aos sinais e mensagens que nos entram pelos sentidos(…) e recordemos a grande liberdade e o amor que Deus nos oferece” disse ainda lembrando que a decisão de agir depende apenas de cada um: “depende de ti, depende de nós, tudo depende só de ti”, concluiu o sacerdote que foi o último pregador da Novena dos Espinhos.

Hoje foi celebrado o último dia deste período preparatório da Festa dos Espinhos, uma das três festas do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Amanhã é o dia da festa que será presidida pelo Reitor.  Este ano os oito ouvidores da ilha de São Miguel foram os pregadores convidados e refletiram sobre a esperança.

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