“Todos somos chamados hoje e sempre a uma vocação”- Padre Nuno Maiato

Realizou-se esta noite a primeira de duas vigílias promovidas pelo Seminário e pelo Serviço Diocesano da Pastoral das Vocações e Ministérios para assinalar a Semana de Oração pelas Vocações, em Ponta Delgada, no santuário do Senhor Santo Cristo, igreja jubilar da ilha.
O momento de oração que reuniu jovens e consagrados, integrado na iniciativa “Às Sextas no Convento” contou desta feita com a participação do único coro composto exclusivamente por sacerdotes, o coro Laudum Dei, que conduziu musicalmente toda a Vigília, presidida pelo padre Nuno Maiato, responsável diocesano pelo Serviço da pastoral das Vocações e Ministérios.
Chamados à esperança, assim foi o mote deste momento celebrativo dividido em seis partes: o acolhimento, o momento da luz em que todos os participantes foram convidados a renovar as promessas batismais, o momento de adoração do Santíssimo, com a leitura da Carta de São Paulo aos Efésios (4,1-6), seguido de um momento testemunhal com a superiora da comunidade contemplativa das irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, zeladoras do Senhor Santo Cristo, um momento de preces e finalmente, a Bênção do Santíssimo.
No momento do testemunho, a irmã Jaqueline Mendes, residente nos Açores há 3 anos, explanou o essencial da missão como religiosa contemplativa, nesta comunidade.
“A cada dia somos chamadas a ir ao encontro da humanidade que traz as suas preocupações e esperanças, junto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres neste Santuário e, por vezes, fazemos a oração das lágrimas com aqueles e aquelas que vem em buscam de uma cura, de saúde física e mental, reconciliação e paz ou mesmo um desabafo com Deus a sua maneira”, disse a religiosa que desde cedo, em São Luís do Maranhão, onde nasceu, a primeira de sete irmãos, numa família “simples e religiosa”, participou em eventos e missões relacionadas com a Igreja, onde fez o seu “caminho e discernimento”.
“Nós irmãs consagradas procuramos construir o Reino mediante a fecundidade de um apostolado oculto vocação contemplativa , como apostolado direto junto as pessoas. Somos chamadas a viver, a rezar e a servir a todos ” disse ainda pedindo também oração “por nós e por mim”.
A religiosa que reside há três anos nos Açores não escondeu a comoção que sente ao “ver a expressão do culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, o Senhor das ilhas, sobretudo no decorrer das festividades que começam com a Novena dos Espinhos, as romarias ,os romeiros e romeiras que durante a Quaresma passam pelo Santuário, com tamanho amor e devoção, faça sol ou faça chuva”, refere.
“Como é gratificante contemplar o rosto alegre e feliz das pessoas que recebem de Deus a libertação interior, uma cura, um milagre”, afirmou.
“Aos 18 anos ingressei na comunidade das irmãs do Bom Pastor Contemplativas fazendo uma experiência de três meses e já se passaram 36 anos de amor e serviço orante por esse mundo. Fui sendo conduzida pelo Senhor por caminhos e lugares culturas e línguas diferentes, aprendendo cada dia a ser uma missionária da oração. É um chamamento que me dá muita alegria ao coração, sobretudo de viver e rezar por todo universo e a cada dia procuro ser uma promotora da justiça, de reconciliação e da paz, como seguidora de Jesus Bom Pastor orante e com o coração cheio de esperança num futuro de ver novas vocações pessoas comprometidas com a missão na Igreja e no mundo”, disse ainda numa expressão mais pessoal da sua vocação.
A eleição do novo Papa não ficou de fora desta celebração, que também deu graças pelo dom da sua entrega e do seu sim.
O padre Nuno Maiato, responsável pelo Serviço Diocesano da Pastoral das Vocações e Ministérios, afirmou que a escolha do sucessor de Pedro nesta Semana de Oração pelas Vocações “é um sinal do Espírito Santo que nos dá esperança e que nos faz ver que a pesar da diversidade estamos unidos no mesmo Senhor e na mesma fé”.
“Só conhecemos ainda aquilo que está à vista, mas o que está à vista já nos diz que é um Papa para o nosso tempo. Não queremos fotocopias” disse o sacerdote recordando a expressão de Carlo Acustis, o beato que deveria ter sido canonizado no final de abril mas cuja cerimónia foi adiada devido à morte do Papa Francisco.
“Este momento que estamos a viver, no âmbito desta semana de oração pelas vocações é um momento que renova a nossa esperança porque Jesus é que é o fundamento desta esperança; Ele é que iluminou para sempre todos, todos, todos” disse o sacerdote.
“O que podemos fazer é tentar fazer com que esta luz chegue a todos, a começar por cada um de nós, que foi chamado, é chamado e será sempre chamado, a uma vocação”, concluiu o padre Nuno Maiato.