Ouvidor de Vila Franca do campo e reitor do Santuário da Senhora da Paz foi o pregador do quarto dia da Novena dos Espinhos em Ponta Delgada
O Padre José Borges desafiou esta tarde os peregrinos da Novena dos Espinhos, no Santuário do Senhor Santo Cristo, a libertarem-se de tudo o que rouba a paz e a esperança.
“Temos de ser esperançosos, isto é, alimentar as razões que sustentam a nossa esperança e a esperança cristã não é uma esperança passiva que espera, mas que constrói”, referiu o sacerdote que presidiu a este quarto dia da Novena dos Espinhos, uma das três festas anuais do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
“As dificuldades da vida, a doença ou falta de saúde, a incerteza, as dificuldades, a falta de amor tudo isso nos rouba a esperança mas podemos sempre alimentar as relações saudáveis, cuidar da saúde, encontrar bons propósitos para ajudarmos a construir a esperança” disse o sacerdote salientando que o maior milagre da vida “somos nós que o operamos”.
“É a fé que nos salva e rezando estamos a dar passos importantes de salvação”, referiu.
“De cada vez que procuramos buscar e encontrar a realidade da nossa vida estamos a esperançar porque a verdadeira esperança, a esperança cristã, é aquilo que vivemos e construímos e não aquilo que projetamos e queremos que aconteça”, disse ainda o sacerdote que, a partir da liturgia, sublinhou a importância da oração como principal elemento transformador na vida de um cristão.
“Jesus transfigurou-se enquanto rezava e por isso podemos dizer que a oração funciona porque transfigura a pessoa” assinalou o padre José Borges ao salientar que a oração aproxima as pessoas de Deus e, através da escuta da sua Palavra, a perceber melhor “o que Ele quer de nós”.
Por isso, referiu, a oração é uma espécie “de corda e de ponte” que “nos aproxima de Deus”.
A Novena dos Espinhos está a ser pregada diariamente por um ouvidor de São Miguel. Este domingo prosseguirá com o padre Horácio Dutra, ouvidor das Capelas, seguindo-se na segunda-feira o padre Vitor Medeiros, ouvidor da Ribeira Grande. Os padres Rui Silva, da Lagoa e Marco Sérgio tavares, de Ponta Delgada, serão os últimos ouvidores na terça e quarta-feiras, respetivamente. O Dia da Festa dos Espinhos será presidido pelo reitor do santuário, cónego Manuel Carlos Alves.
O sacerdote esta tarde, depois de agradecer a presença do colega de Vila Franca, lembrou que amanhã, domingo a missa do meio-dia será presidida pelo padre jesuíta Dário Pedroso, que está nos Açores para promover a causa de beatificação da fundadora das irmãs Reparadoras da Santa Face, uma congregação que está em São Miguel há mais de 20 anos.
Maria da Conceição Pinto da Rocha, nascida em Viana do Castelo, em 1889, alimentou durante toda a sua vida o desejo de fundar uma obra que se dedicasse a levar pelo mundo a força da redenção. Esse fogo do Espírito Santo que ardia no seu coração levou-a a fazer o pedido de autorização à Igreja, enquanto ia conquistando e formando “discípulas” e amigas nesse amor de oferta generosa e redentora pela humanidade.
Os anos passaram e acabou por falecer, em 1958, sem ver o seu sonho cumprido. Deixou, no entanto, o legado às suas companheiras mais íntimas que em 1965, decidiram pôr mãos à obra.
A partir daí, foram redigidos os primeiros Estatutos, aprovados nesse ano pelo cardeal patriarca, D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Estavam lançadas as bases do que é hoje o instituto das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, contando no início com o apoio do padre jesuíta Sebastião Pinto, irmão da fundadora.