Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres começam com o tríduo preparatório pregado pelo padre jesuíta José Frazão Correia

Foto: Pedro Monteiro

Sábado tiveram lugar na Feira Agrícola de Santana as arrematações do gado oferecido pelos lavradores da ilha

As Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que anualmente juntam milhares de pessoas em Ponta Delgada, têm esta terça-feira o seu primeiro grande momento religioso com o ínicio do tríduo preparatório com a pregação do padre jesuíta José Frazão Correia a partir do tema do ano pastoral “Senhor, ensina-nos a orar”, às 18h00.

Durante três dias, o sacerdote, que é o diretor do Brotéria, revista da Companhia de Jesus da qual já foi o superior provincial em Portugal.

Do programa consta a habitual inauguração da iluminação da fachada da Igreja do Convento da Esperança, com milhares de lâmpadas a preencher diferentes motivos desenhados em madeira com clara alusão ao culto, seguindo-se as celebrações religiosas de sábado e domingo, que serão presididas pelo bispo de Stockton na Califórnia, D. Myron Cotta, descendente de açorianos da ilha Terceira.

“A Igreja é para todos. Todos são convidados a participar na festa, todos são chamados a prestar a sua homenagem ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, porque importa que todos caminhamos juntos e com empenho na construção do mundo melhor”, disse o cónego Manuel Carlos Alves, na conferência de imprensa de apresentação da festa, fazendo “eco das palavras do Papa Francisco” na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.

O reitor do Santuário do Santo Cristo dos Milagres pediu que juntos, “com a alegria de uma festa”, também manifestem “respeito” pelos devotos que vão cumprir as promessas e que prestem “auxílio possível a estas pessoas nessas circunstâncias”.

Do programa deste ano o destaque vai para a celebração de uma missa em inglês, às 8h00, no dia 5 de maio, domingo, na Igreja de São José.

Para o reitor do Santuário, trata-se de um serviço a todas as pessoas que se deslocam a estas festas e não falam português. A celebração será presidida pelo padre Larry Machado, pároco da paróquia portuguesa de Nossa Senhora da Assunção, em Turlock, na Califórnia.

A participação dos emigrantes residentes nos EUA e no Canadá nestas festas é muito considerável; é também da diáspora açoriana que chega o maior número de cartas dirigidas ao Senhor Santo Cristo. Nestes sete meses em que é reitor, o cónego Manuel Carlos Alves já respondeu a 1202 cartas dirigidas ao Santuário muitas delas com pedidos de oração e de intercessão do Senhor Santo Cristo outras a comunicar graças.

Desde esta segunda-feira que começaram a chegar ofertas de flores ao Santuário e o número de peregrinos já está a aumentar, verificando-se isso na missa matutina diária, às 8h00. Esta missa manter-se-á durante toda a semana. Na Sexta-feira, dia 3 de maio, haverá missa às 8h00, 9h00 e 11h00, sendo que esta celebração será presidida pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues e terá lugar na Igreja de São José. É, também, nesta Igreja que decorrerá a Vigília com missa dos jovens à meia noite de sábado, seguido de uma reflexão sobre a paz, orientada pelo Vigário Episcopal do Clero e Formação, que é o assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz, seguindo-se uma oração pelas vocações orientada por seminaristas.

No domingo a imagem sairá da Igreja de São José às 9h15 e às 9h30 haverá a missa campal presidida pelo bispo de Stockton, D. Myron Cotta, com transmissão em direto na RTP Açores e RTP Internacional. Esta missa será cantada pelo Coral de São José. Já a banda filarmónica convidada é a Banda Recreio dos Artistas, de Angra.

A Capa que vestirá a Imagem foi oferecida por uma família de Santa Bárbara e será estreada.

No sábado passado, realizou-se o primeiro momento da festa com a entrega das ofertas de gado na Feira Agrícola de Santana, a onde decorreram as arrematações  de quase duzentas cabeças de gado- bovino e caprino-, com a participação de dezenas de lavradores.

Para o reitor do Santuário que esteve presente, tratou-se de “um sinal de gratidão ao Senhor pelo auxílio que Ele vai prestando ao longo do ano na vida destas pessoas”. Neste leilão, em que foi estreado um sistema informático de rastreio e identificação do gado, dos seus proprietários e novos adquirentes, cedido pela Associação Agrícola de São Miguel, participaram alguns jovens e crianças o que significa “que esta tradição perdurará ao longo de gerações e isso é bonito”, referiu o cónego Manuel Carlos Alves.

Haverá ainda um segundo momentos de arrematações na tarde de segunda-feira, dia 6 de maio, feriado municipal em Ponta Delgada.

“Faz parte da fé do nosso povo; são muitas promessas que variam em função das dificuldades, de saúde. O que é importante registar é que as pessoas são muito generosas”, disse Carlos Faria e Maia.

Dois dos pontos  procurados durante esta semana no Santuário- a Roda e os Círios- estarão acessíveis de segunda a sexta-feira entre as 8h30 e as 17h00 e entre as 8h00 e as 18h00, respetivamente.

No sábado a Roda estará aberta entre as 8h00 e as 13h30 e os Círios entre as 7h00 e as 13h30, também. No sábado a Roda terá ainda aberta entre as 19h00 e a meia-noite.

No domingo funcionará entre as 12h00 e as 14h00 e depois entre as 22h00 e a meia-noite.

De referir que a habitual homenagem dos taxistas , bombeiros, polícias e motards decorrerá na segunda-feira a partir das 12h30.

A festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres é a mais importante manifestação religiosa organizada pela Igreja na diocese pelo número de fieis mobilizados.

Uma primeira procissão pelas ruas de Ponta Delgada, ocorrida possivelmente em 1698 ou 1700, foi pensada pela Madre Teresa  D´Anunciada, impulsionadora do Culto, como uma ligação querida e estabelecida pelo próprio Senhor entre os conventos femininos (todos de clausura, pelo que a imagem entrava na respetiva igreja, era vista aí pelas religiosas através das grades do coro alto, e voltava para a rua), os masculinos e os demais habitantes da cidade. Numa ocasião posterior, serão estes a pedir àquela Zeladora uma nova saída da imagem, para assim se rezar em comunidade pelo fim de uma crise sísmica.

Desconhece-se hoje em que anos tiveram lugar as procissões seguintes; não obstante, uma grande certeza existe: no século XVIII a sociedade de Ponta Delgada tornou-se voluntariamente vassala do Senhor Santo Cristo, representado no busto do Convento da Esperança, e anfitriã e organizadora duma procissão anual em Sua homenagem, prática que se mantém até hoje.

Para a consolidação e expansão deste culto multissecular, com devotos em numerosos países e regiões, salientam-se, no decurso dos tempos, as sucessivas Zeladoras da imagem, as Congregações religiosas que se seguiram no Convento à Ordem de Santa Clara, a Irmandade existente desde 1765 e responsável pela organização da procissão, e o Santuário Diocesano do Senhor Santo Cristo (criado em 1959).

Atualmente está no Santuário uma comunidade de vida contemplativa, as Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor.

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