Senhor Santo Cristo dos Milagres: 65 anos de santuário, mais de três séculos de devoção

Foto: Senhor Santo Cristo/CR

O Santuário do Senhor Santo Cristo completa hoje 65 anos

O Santuário do Senhor Santo Cristo, criado por D. Manuel Afonso Carvalho a 22 de abril de 1959, completa esta segunda-feira 65 anos, depois da publicação do decreto episcopal que elevou a Igreja de Nossa Senhora da Esperança a Santuário Diocesano.

Na ocasião, o bispo de Angra apelava a todos os párocos e sacerdotes que incutissem “nos fiéis o verdadeiro espírito de piedade e fervor para com o Santo Cristo, prevenindo-os dos perigos por ocasião da festa anual, a fim de que todas as suas ações sejam para a maior glória do Senhor” e, por outro lado, exortava “todos os Açorianos, de qualquer categoria que sejam, a que, nas horas de tribulação como nas de bonança, invoquem, com verdadeiro es­pírito de fé, o Senhor Santo Cristo e Lhe peçam que lhes conserve a pureza do coração, a resignação nos infortúnios e, dum modo especial, a graça para levarem uma vida conforme com a vontade do mesmo Senhor, a fim de um dia O poderem aclamar”.

O primeiro Reitor deste Santuário foi Monsenhor José Gomes, seguindo-se Monsenhor João Maurício Amaral Mendonça e depois Monsenhor Jacinto da Costa Almeida. Seguiu-se depois Monsenhor Agostinho Tavares, o reitor que até ao momento permaneceu no cargo durante mais tempo,  20 anos. Os últimos dois reitores foram Monsenhor Augusto Cabral e o Cónego Adriano Borges. Atualmente o Santuário tem como reitor o Cónego Manuel Carlos Alves, que este ano organizará pela primeira vez a festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a principal festa religiosa organizada pela Igreja nos Açores e que este ano decorrerá entre 30 de abril, dia em que começa o tríduo preparatório, que será orientado pelo padre jesuíta José Frazão Correia e termina a 9 de maio.

Uma das missões principais do Santuário é zelar e difundir o culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. A imagem que é venerada no Santuário representa Cristo na Paixão no passo “Ecce Homo”. A partir de 1683, esta imagem do Senhor Santo Cristo, colocada na capela do coro baixo do Convento da Esperança, perto das grades para a igreja pública do convento, começou a ser alvo de um cuidado crescente por parte de uma religiosa que então professou, Teresa da Anunciada. A dignidade que a religiosa passou a querer reatribuir à imagem foi motivada igualmente pelo facto de se tratar de um antigo sacrário, como lhe fora dito, e de, em simultâneo, ilustrar a doação de Deus à Humanidade na Paixão e na Ressurreição; assim, a veneração a esta escultura religiosa foi desde o início sendo entendida como um reforço da oração e do percurso dos fiéis ao encontro de Deus e de tudo o que a imagem representa, e não como algo individualizado.

Esta primeira Zeladora da imagem empenhou-se profundamente em cumprir aquilo que dizia ser a vontade divina que lhe era transmitida diretamente: divulgar amplamente os prodígios obrados pelo Senhor Santo Cristo ao resolver situações consideradas impossíveis, para assim se alcançar maior glória de Deus, maior consciência da pequenez humana perante os Seus desígnios e poder, e maior devoção, como se pode ler de forma mais alongada em https://senhorsantocristo.com/culto/.

A primeira procissão pelas ruas de Ponta Delgada, ocorrida possivelmente em 1698 ou 1700, foi pensada pela Madre Teresa como uma ligação querida e estabelecida pelo próprio Senhor entre os conventos femininos (todos de clausura, pelo que a imagem entrava na respetiva igreja, era vista aí pelas religiosas através das grades do coro alto, e voltava para a rua), os masculinos e os demais habitantes da cidade.

Para a consolidação e expansão deste culto multissecular, com devotos em numerosos países e regiões, salientam-se, no decurso dos tempos, as sucessivas Zeladoras da imagem, as Congregações religiosas que se seguiram no Convento à Ordem de Santa Clara, a Irmandade existente desde 1765 ( cumpriu este domingo 259 anos) e responsável pela organização da procissão, e o Santuário Diocesano do Senhor Santo Cristo (criado em 1959).

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